Mineiro de Uberaba, Leonel Laterza, com sua voz afinada, suave e marcante, passeia por vários ritmos da Música Popular Brasileira. Com uma carreira reconhecida pela crítica especializada, ele já se apresentou ao lado de artistas consagrados, como Roberto Menescal, e leva para os shows todo seu talento e amor à arte.
1. Quando você percebeu que a música faria realmente parte de sua vida e começou a levar a sério a carreira musical?
Quanto tinha 12 anos de idade, percebi que a música me atraía mais do que aos meus amigos e parentes. Minha casa respirava música, através de meus pais, que sempre mantinham as portas abertas para serestas, velhos discos e muita cantoria. Minha mãe tocava violão e cantarolava para a gente ao pé de nossa cama.
Entrei para a escola de música ainda jovem e, já adolescente, comecei a cantar nas rodas de violão e encontros musicais com a família e amigos. Entre 17 e 20 anos de idade ia dar "canja" nos bares e já me sentia atraído pelo mundo da MPB, da Bossa Nova e do Jazz. Gostava de frequentar as "jam sessions" que aconteciam nas casas noturnas de Brasília, na década de 1980. No final de 1987, fui convidado por um amigo a ensaiar um repertório para show em um bar na Asa Norte. O Público reagiu muito bem, apesar do nervosismo estampado no meu corpo todo. A partir daí, nunca mais larguei a profissão.
2. Porque saiu de sua cidade natal e escolheu Brasília para morar e se estabelecer?
Na verdade, saí muito novo de minha cidade natal, pois meus pais vieram tentar a vida em Brasília para melhorar a situação financeira. Nasci em 1965, e em 1970 vim para Brasília. Portanto tinha somente cinco anos de idade.
3. Quais são suas influências musicais nacionais e internacionais?
Minhas influências musicais são muito diversificadas, assim como a própria música brasileira. A música de Milton Nascimento (e todo o Clube da Esquina), Edu Lobo, Tom Jobim, Chico Buarque de Holanda, Dori Caymmi (o filho mais velho de Dorival) e o Poeta Paulo César Pinheiro, com suas diversas parcerias, são os grandes compositores da minha vida. Ao redor deles giram influências de grandes intérpretes da música cantada e instrumental brasileira, além do jazz mundial. Aíentram José Luiz Mazziotti, Emílio Santiago, Egberto Gismonti, Elis Regina, Sara Vaughn, Bill Evans e outros.
4. Já ganhou prêmios?
Já ganhei prêmios em diversos festivais de MPB em colégios, clubes e universidades. Meu show "Ave Rara" (homenagem a Edu Lobo) foi escolhido, dentre centenas de inscritos, para participar do projeto Ocupação da Sala Funarte Cássia Eller, em 2009. Esse mesmo espetáculo também foi um dos poucos selecionados pela Caixa Cultural para ser exibido no teatro daquela instituição, no mesmo ano. Terceiro lugar no Festival Sesc de Música 2008. Fui escolhido como melhor intérprete do Prêmio Sesc Tom Jobim 2011 com uma música de minha autoria, classificada entre as 12 finalistas.
Meu CD "Guardados", é um dos pré-selecionados para o Prêmio da Música Brasileira, edição 2013 (um dos maiores prêmios da música da atualidade). Uma das faixas deste CD, a música “Até Quando”, do compositor Sérgio Magalhães, foi escolhida dentre centenas de outros artistas do mundo para ser incluída na gravação anual "Goa Chillout Zone Compilation 2012", (WOA Records) que será lançado até o final deste ano, na Índia, com repercussão dentro de vários festivais internacionais de música). Teve sua gravação para a música "Eu Vou", do compositor Cacá Pereira, incluída entre as 12 finalistas do Festival da Rádio Nacional FM 2012 e esta gravação estará no DVD e no CD de registro deste evento.
5. Você tem composições próprias? Quais?
Tenho algumas poucas composições próprias, algumas gravadas e outras não. São elas: Dama da Noite, em parceria com meu irmão André Laterza; Sonhos de Vidro (finalista do Festival Sesc 2011); Pranto Verde; Sem Perdão, gravada pelo cantor Nilson Lima, e Asas em Mim.
6. Você esteve na finalíssima do Concurso da Rádio Nacional FM Brasília 2012. Fale um pouco do concurso e o que representou para você participar dele?
De centenas de inscritos, neste festival, somente 50 ficaram para a segunda fase. O fato dessas músicas ficarem tocando de hora em hora numa rádio que tem grande audiência, faz com que o trabalho do intérprete ganhe visibilidade. E é isso que o artista busca o tempo todo, que seu trabalho ganhe asas e atinja o maior número de pessoas, para que sua expressão complete o ciclo de troca entre intérprete/público. Quando passamos para a terceira fase do festival, ficando entre as 12 finalistas, já foi suficiente para nos tornarmos vitoriosos. Com isso, ganhamos a oportunidade de estar frequentemente tocando na rádio (apesar de isso já acontecer há algum tempo na Rádio Nacional FM) e também participar da gravação do CD e do DVD do festival.
7. Fale de seus CDs lançados, dos amigos que deles participam com você.
Tenho dois CDs Gravados. O primeiro foi lançado em 2006 e chama-se Esmeraldas. Foi um trabalho árduo e prazeroso ao mesmo tempo. Fiz toda a produção executiva toda disco e tive ao meu lado grandes profissionais que contribuíram para o resultado de altíssima qualidade sonora e estética (modéstia parte, é claro). O amigo, músico e produtor musical Hamilton Pinheiro, fez por mim o que ele teria feito com o próprio trabalho, com tanta dedicação e empenho. Os músicos Lula Galvão (que também já foi citado em revistas especializadas como um dos maiores violonistas da atualidade), Zé Luiz Mazziotti (cantor) e a cantora Simone Guimarães abrilhantaram o trabalho, e emprestaram sua emoção ao disco que, certamente, abriu várias portas e gerou várias outras oportunidades na minha carreira.
Meu segundo disco é o Guardados e concluí sua gravação em 2011. Como é o mais recente trabalho, tenho focado meus shows e carreira nele. Foi tão trabalhoso quanto o primeiro, mas foi produzido com mais técnica e maturidade. Fui mixar o disco no Rio de Janeiro com um dos maiores técnicos do Brasil (Daniel Musy). O resultado foi maravilhoso e o disco tem sido elogiado muito por jornalistas, músicos e público de maneira geral. Ele tem as participações de Rosa Passos, minha amiga e madrinha musical, a quem devo muito pela sua fé em meu talento e trabalho.
Também ganhei uma participação especialíssima no disco, que foi a do grande compositor e cantor, descoberto por Milton Nascimento, Sérgio Santos, que junto a Rosa, escreveu coisas belíssimas no encarte de abertura do disco. Este CD é um dos pré- selecionados ao Prêmio da Música Brasileira 2013. Pré-selecionado, significa que dentre milhares de CDs produzidos entre 2011 / 2012, independente ou de gravadora, ele está concorrendo a uma das 3 vagas de "indicados" ao prêmio. Claro que isso fica distante ainda do prëmio, mas já é muito. Muito reconhecimento mesmo. No começo do ano que vem, eles anunciam todos os pré-selecionados e, em seguida, os três indicados de cada categoria. Portanto, ainda nem sei em quais categorias meu CD foi colocado. Por isso, não tenho divulgado muito esta pré-seleção, apesar dela ser irreversível. O que pode acontecer é o CD não ser indicado. Mas só de já estar entre os feras da boa música brasileira (veja o link) http://www.premiodemusica.com.br/content/pre_selecionados_2013_0, já estou soltando fogos.
8. Quais são seus projetos futuros na carreira musical?
Estou diversificando meu trabalho de cantor. Tenho vários trabalhos prontos e posso me apresentar meio que "camaleonicamente", ou seja, me adaptarà necessidade musical do momento. Tenho um trabalho em quarteto que levo para várias casas noturnas, com muita Bossa Nova e Jazz. Formei um trio - o Cais Trio - que foca mais nas músicas mineiras e de compositores mais líricos e melodiosos.
Também tenho uma homenagem pronta ao Edu Lobo, que completa 70 anos, em 2013. E estou montando um grupo de "flash back", por puro prazer. Tambémtenho um trabalho com dois violões bem bonito de Samba e MPB. Criei um projeto com outros dois cantores para no ano que vem fazermos um show com músicas do Djavan. Será uma produção grande e que vai juntar força de três interpretes de Brasília. Com essa diversificação vai ser difícil ficar parado no meio musical. Assim espero, pois realmente essa arte é o que melhor me alimenta e que me dá mais alegrias na vida.
9. Você também é servidor público concursado há mais de 15 anos. Como faz para conciliar a carreira musical com seu trabalho em órgão público?
Não é muito fácil conciliar a música com o trabalho no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tenho que me desdobrar porque não sobra muito tempo. Passo de oito a dez horas por dia no Tribunal. No restante do tempo me dedico ao estudo, ensaio, produção, e ainda preciso dar atenção à minha família, da qual não abro mão de jeito nenhum. Mas com muito esforço e amor à arte a gente consegue.
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